Sessão do impeachment terá três blocos - Anastasia e AGU fecham debates
Roteiro prevê ainda que todos os senadores que se
inscrevam para discursar tenham até 15 minutos para se manifestar da tribuna
Por: Laryssa Borges, de
Brasília
O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), preside sessão no plenário da Casa, em BrasÌlia (DF) -
09/05/2016(Andressa Anholete/AFP)
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou
nesta terça-feira que o advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo,
terá 15 minutos no fim da sessão plenária de amanhã para apresentar os
argumentos finais contra o provável afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Antes dele, o relator na comissão especial, Antonio Anastasia (PSDB-MG), terá
também 15 minutos para defender o processo contra Dilma por crimes de
responsabilidade.
Pelo cronograma fixado pelo presidente do Senado, a sessão plenária
desta quarta terá três blocos: um das 9 horas da manhã ao meio-dia, outro das
13 horas às 18 horas, e o último bloco, com relator e AGU, das 19 horas em
diante.
O roteiro do impeachment prevê ainda que todos os senadores que se
inscrevam para discursar tenham até 15 minutos para se manifestar da tribuna. A
expectativa de Renan era de que cerca de 60 dos 81 integrantes do Senado se
apresentassem para alternar, da tribuna, argumentos pró e contra o seguimento
do processo de impeachment de Dilma. Até o momento, no entanto, 48 senadores se
inscreveram para discursos. Não há previsão de que os juristas Miguel Reale Jr.
e Janaína Paschoal, autores do impeachment, se manifestem em plenário.
Para evitar questionamentos judiciais, a ideia é que, ao contrário do
que ocorreu na Câmara dos Deputados, não haja orientação de voto dos líderes
partidários. Esse foi um dos argumentos utilizados nesta terça-feira pelo
advogado-geral José Eduardo Cardozo para pedir a anulação do processo de
impeachment em um novo mandado de segurança enviado ao Supremo Tribunal Federal
(STF). "Acho que não é necessário [encaminhar voto]. Até porque durante
esse debate, como esse é um julgamento, qualquer orientação partidária acaba
ajudando partidarizar um assunto. Isso não é bom que aconteça", explicou
Renan Calheiros.
PMDB prepara ação para afastar Maranhão da presidência interina da
Câmara
Antes de levá-la ao plenário, porém, haverá um
último esforço para uma saída diplomática: deputados pretendem convencer
Maranhão a renunciar ao cargo na Mesa da Câmara
Por: Marcela Mattos e
João Pedroso de Campos, de Brasília
O presidente interino da Câmara dos
Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), concede entrevista coletiva em Brasília
(DF) - 09/05/2016(Adriano Machado/Reuters)
Já se antecipando a uma possível resistência do deputado Waldir Maranhão
(PP-MA) de deixar a presidência interina da Câmara, deputados de diversos
partidos preparam uma medida regimental para afastá-lo do cargo. A ação está
sendo preparada pela área técnica da liderança do PMDB - partido que tem total
interesse em trazer normalidade à Casa para dar condições políticas a Michel
Temer, tão logo ele assuma o governo.
Na manhã desta terça-feira, uma reunião multipartidária, com
representantes principalmente do PSDB, SD, PTB, PHS e PMDB, tentava buscar
alternativas a Waldir Maranhão. Uma das soluções é apresentar uma resolução que
suspende as atribuições do interino e prevê seu afastamento do cargo por, entre
outros motivos, desrespeitar a soberania do plenário. A medida se dá em
represália à tentativa de Maranhão de anular a sessão da Câmara que autorizou o
processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, aprovado por 367
deputados em abril. Sob pressão, o presidente interino acabou recuando da
medida.
No regimento, há apenas duas possibilidades para a saída de um
presidente: renúncia ou cassação. No entanto, decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) que afastou Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do comando da Câmara deve ser
usada como referência. "O Supremo decidiu por um caminho inédito, sem
previsão expressa na Constituição. Esse mesmo esforço pode ser feito no
regimento. É o mesmo princípio que motivou, na construção jurídica, a decisão
do Supremo. O princípio básico é de que o poder supremo está na decisão do
colegiado", disse o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), ao deixar a
reunião.
Antes de levar a ação ao plenário, porém, haverá um último esforço para
uma saída diplomática: deputados pretendem conversar com Maranhão e,
ressaltando os últimos problemas, tentarão convencê-lo a renunciar à
presidência. "Ele está com a legitimidade absolutamente arranhada no ponto
de vista do povo brasileiro, não é nem só no da Câmara. Os deputados não querem
sua permanência e não aceitam sua direção no momento. Nós temos os instrumentos
regimentais que a Casa nos oferece", afirmou o líder do PTB, Jovair
Arantes (GO).
Com a saída de Maranhão, assume o 2º vice-presidente, deputado Giacobo
(PR-PR), que tem até cinco sessões para convocar novas eleições. Nesse caso,
poderiam se candidatar deputados que integraram o "blocão" de apoio à
candidatura de Eduardo Cunha em fevereiro de 2015 - PMDB, PP, PTB, DEM, PRB,
Solidariedade, PSC, PHS, PTN, PMN, PRP, PSDC, PEN e PRTB. Dessa forma, o
deputado Rogério Roso, líder do PSD e tido como um dos favoritos de Cunha para
suceder-lhe, fica de fora da disputa.
Após reunião com a presença de Maranhão, os integrantes da Mesa Diretora
da Casa deram a ele duas opções para o desfecho da crise criada pela decisão de
anular o processo de impeachment. Ou o presidente interino da Câmara apresenta
renúncia à primeira vice-presidência da Casa ou se licencia por 120 dias do
cargo na mesa e do mandato parlamentar. "Ele teve uma decisão equivocada,
inválida, e continuou errando quando anulou, porque mostrou sua fragilidade no
comando da Casa", disse Giacobo.
PP - A pressão contra Maranhão
também vem de dentro de seu próprio partido. Nesta terça-feira, a bancada do PP
reuniu-se em busca de um acordo com o correligionário: tenta convencê-lo a
renunciar ao cargo em troca da boa vontade da legenda de mantê-lo filiado e com
o mandato, o que evitaria que ele, investigado na Lava Jato, perdesse o foro
privilegiado.
Fonte: Veja
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